segunda-feira, 24 de maio de 2021

Might e Magic 6: O Mandato do Céu.


 Estranhamente, aqui no Brasil boa parte das pessoas desconhecem a franquia. Embora seu spin off faça bastante sucesso - Heroes of Might e Magic -, poucos vão a fundo para pesquisar a origem da série, que está entre as mais importantes para a evolução do rpg eletrônico, juntamente com Wizardry e Ultima. (Não julgo, a história dos computadores no PC é um tema complexo, até década de 90 era raro um BR ter um computador pessoal em casa, mais ainda internet para se informar. No máximo o que nos chegava era alguma ou outra informação por revistas; como era de difícil acesso o brasileiro conheceu primeiro o rpg japones, já que além de mais acessivel era mais simples de crianças compreenderem, tendo em vista muitas vezes seu sistema complexo).

 Mesmo que outrora a proposta da série fosse ser quase uma cópia de Wizardry, tendo a criação de uma equipe e exploração de calabouços, ela batia de frente em vários outros quesitos. Entre eles, não estávamos mais restritos apenas ao calabouço, tínhamos um mundo aberto, inteiro pra explorar - é um mundo rustico para os padrões atuais, mas muito afrente de seu tempo, isso muito antes de Skyrim existir, na década de 80. A série foi amadurecendo, adquirindo no seu decorrer características nunca vistas novamente nos RPGs de sua época nem atuais. 

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                                              Might e Magic I: Secret of the Inner Sanctum

  Might e Magic 6 é um bom começo para quem tem interesse de conhecer a série; Não que os antecessores de MSDOS estejam defasados, eles ainda são bem acessíveis, mas este por ser o primeiro em 3D foi um dos grandes saltos da franquia. Embora os direitos dela não estivessem mais na mão de seu criador e de sua produtora (Jon Van Caneghem e New World Computing), a 3DO que comprou seus direitos manteve-os para trabalharem em sua continuação. Isso fez com que o jogo mantivesse muito de sua essência (Muito diferentemente do que anda fazendo a Ubisoft hoje).

 Graficamente o jogo envelheceu muito bem: ele usa o sistema de digitalizar humanos reais - o que pode gerar estranheza a primeira vista, mas após um tempo acostuma-se e enxerga-se nisso seu charme. Fica parecendo que a 3DO colocou qualquer um de seus empregados e familiares para atuar como um de seus npcs, o que é bem cômico. Já os monstros e npcs fora das casas são representados por sprites muito bem detalhados, e o mundo é grande, rico e muito colorido.


  Antes de começar o jogo, passa uma CG contando brevemente o que vem acontecendo nesse mundo. Assim como em todo TES nosso personagem começa na cadeia, em todo MM começamos jogados em uma cidade, a história nem sempre se faz clara, mas nosso desafio é descobrir qual é nossa jornada. O jogo se passa todo no continente de Enroth, que aparentemente vive em caos por um mal que está a espreita. Seres vindo de outro planeta  ameaçam a soberania humana - dai vem o nome Mandato do Céu. Como podem ver no mapa, o mundo é vasto, rico e colorido. Levei mais bem mais de 100 horas para explorá-lo ao todo. 

  Muitos podem achar que essa mistura de fantasia medieval com ficção cientifica pode não dar certo, mas funciona muito bem aqui. Até porque, diferente de Wizardry, Might e Magic nunca se levou tão a sério; no decorrer há muita piada, conversas engraçadas e referencias a cultura pop. Tipo, em Castle Ironfirst sempre que você sair do templo, alguém falará: Live Long and Prosper - Star Trek. 

 (tive que colocar imagens diferentes da internet pois não tirei muitos prints).

 Considerações:  (vou dar nota de 1 a 5/ 10 a 50). 

  • Mundo do Jogo: Como já explanado, o mundo é bem diversificado e cheio de boas quests. O mundo tem sistema de tempo, dia e noite, e as lojas só abrem em certo horário, e fecham em seu dado horário. Não há muitas opções de diálogos que realmente venham a afetar a trama, muito disso é afetado pela skill de diplomacia e fama. É engraçado quando você tem muito dinheiro, entra em uma loja e sai sem comprar nada. O dono da loja te xinga e um NPC comenta: Que rude! Sugestão: Sempre guarde dinheiro no banco, se sua equipe morrer a penalidade que lhe pesa é começar na primeira cidade perdendo toooooodoooo seu dinheirinho. E tudo aqui demanda dinheiro, para alguém te treinar para upar de level exige dinheiro. Pra alguém te treinar em alguma skill (aqui não basta estar upgradado, tem que encontrar alguém que te ensine a skill, ou a evolução da skill; exemplo: Water Magic: novice rank 1, expert rank 4, master rank 12, para cada um desses ranks você precisa encontrar um npc que top te ensinar. A diferença de rank pode ser o poder da magia, a diminuição de falha ou corte de alguma penalidade) exige-se dinheiro. (Nota 5)
  • Criação de Personagens e Desenvolvimento: Aqui vem um ponto que muitos que jogaram o antecessor reclamaram. Diferente do antecessor que acho que podia-se ter na equipe até seis personagens, de várias raças e classes diferentes, aqui o número para sua equipe reduziu para 4. Não há mais nenhuma raça, pode-se ter apenas humanos, a classe ficou apenas sendo: Warrior, Paladino, Clerigo, Mago Druida e Arqueiro - e pelo que sei não faz muita diferença ser arqueiro, já que todos podem aprender a usar arco, é algo que acho obrigatório no começo do jogo. Essa classe aqui só mistura um pouco arqueiro com mago e usa umas armaduras especiais. Não tem mais barbaro ou ninja como o antecessor.  Começamos criando os personagens, diferente do antecessor que vinha-se randômico e só podíamos trocar na taverna. Não precisa-se rolar dados para criar as estatísticas, ganhamos um número chave de pontos e realocamos onde queremos, juntamente com alguma outra skill special que almejamos começar. Tipo, meu Paladino começou acho que com bodybuilding. Meu Clerigo com chain armor e body magic. Depois disso a cada level irá aumentar seus status randomicamente e lhe dará skill points para você upgradar alguma skill que deseja. Lembra-se que citei que o jogo tem período? Isso não quer dizer que o tempo é infinito, espera-se que você gaste seu tempo com moderação. Seus personagens assim como os antecessores envelhecem e podem perder estatísticas - em MM2 o personagem da equipe que estiver muito velho pode morrer de ataque cardíaco. Eu não tentei arriscar, o jogo começa com eles com a idade de 18 anos, eu terminei com eles entre 27 e 28, teria sido menos, mas fiquei preso por um ano por ter cometido crimes. Viagens de uma cidade pra outra gastam em media 5 dias, e treinos para upar de nível mais ou menos 1 semana. Simplifica-se mais as coisas quando você mastera magia de agua e compra em Free Haven a magia Lloyd's Beacon e Town Portal, mas antes disso você não tem fast travel. Outra coisa divertida é que o avatar do seus npcs reagem de acordo com o estado deles: Se estão cansados, se estão bebados, malucos - eles podem ficar bebados se tomarem alguma bebida em uma taverna pra conseguir algum boato. É bem engraçado quando eles ficam malucos. Sugestão: Desde o começo invista no clérigo body magic e sempre gaste para se curar no templo, evite dormir. Há também lugares que apenas podemos explorar se tivermos certa habilidade; isso faz o jogo parecer muito com um metroidvania 3D. Tais habilidades podem ser: Voar, andar sobre as águas, pular... etc. (para a criação dou nota 3, para o desenvolvimento nota 5). 
  • Interações com os NPCS: São poucos pra mim os memoráveis. O que mais achei engraçado foi o príncipe de Enroth, que é um menino de 8 ou 12 anos que governa TODO AQUELE LUGAR - isso porque a mãe dele está ocupada com os assuntos de outro continente. O menino se chama Nicolai Ironfist, e achei mais engraçado ainda a quest que o menino pede pra fugir com a gente pra levarmos ele pro circo. Porém, se dormirmos ou viajarmos, ele some \o/ desaparece, e o circo fica variando de um lugar pra outro durante o ano, foi dificil demais acha-lo.

 Outra que achei engraçado foi a lady loretta fleise, que ama muito dinheiro, ama mais dinheiro que os amigos.  Alguns na cidade podem dar-te quests variadas; algumas delas realmente recompensadoras em dinheiro e xp -, podem te ensinar alguma coisa, ou podem entrar na sua equipe. Mas ai eles não são tipo personagens jogáveis, servem mais como apoio, porém você precisa dar-lhes uma pequena taxa de todo ouro que você encontrar. Alguns podem deixar sua magia mais poderosa, outro diminuir a quantidade de tempo que tu gasta pra viajar, dobrar seu xp, as possibilidades são muito grandes \o/ ah ainda alguns que são bons pra nada, e dizem: se vocês querem me contratar, isso é bom, mas sei fazer nada, apenas sou ótima companhia. (Nota 4,5).


  • Encontros e Monstros: Outra grande diferença nesse jogo para com seus antecessores, e muitos outros jogos de outra séries é seu sistema de combate em que você pode variar, alternar da forma que tu ache a melhor maneira. Você pode escolher se quer jogar em turno ou em tempo real, para isso basta apertar enter. Achei a quantidade de monstros grande, a dificuldade é balanceada, as vezes depende apenas do seu nível e equipamentos para conseguir enfrentá-los. Não torna-se algo impossível batalhar contra essa quantidade de monstros; as vezes também depende-se da sua estratégia. Eu gostava de ficar correndo pra enfraquecê-los de longe antes.  Só achei que faltou mais monstros de ficção cientifica, tem uma quantidade bem pequena deles neste aqui. (Nota 5).  
  • Equipamentos: Essa é a parte que mais gostei do jogo, o sisteminha de boneca de papel onde você pode ver como fica seu personagem com o equipamento no menu. Eles são muitos de diferentes tipos e sprites. Claro que são restritivos as vezes por determinada classe, já que mago por exemplo não pode aprender chain nem plate armor. Ah, os equipamentos quebram também, da pra ver que algum quebrou quando o equipamento fica em vermelho, você precisa upgradar um personagem em skill de reparar armaduras, outro pra identifica-las, e outro pra abrir os baus - senão eles explodem. (Nota 5).
  • Economia: Achei a economia aqui bem justa, qualquer coisa há a skill de merchant, e se a quantidade de spolios é grande demais, você pode usar a magia gold touch para arrumar mais espaço no inventário, que é limitado. Mas coloque o dinheiro no banco, se morrer, perdeu. (Nota 5).
  • Quests: Essa parte me é um pouco rasa: As vezes é salvar alguém que foi sequestrado, acabar com o pessoal de um culto, encontrar o chefe dos ladrões. As quests em si são legais, mas são só uma desculpa para explorar, que é o ponto mais forte do jogo (Nota 3).
  • Gráficos, sons e interface: O jogo é bem bonito, não é o mais bonito da franquia, pois não da pra comparar um jogo lançado para windows de um de msdos. A música é linda, é feita pelo mesmo compositor do Heroes II e III. A interface pra mim é a melhor da série até agora. Os sons ambientes também são legais, na primeira cidade da pra ouvir uns passarinhos. (Nota 5).
  • Gameplay: O jogo é e não é linear. Depende muito pra qual caminho e a ordem das quests principais que você deve seguir. E chuto que ele tenha 2 finais. A dificuldade é balanceada e com bastante desafio.  Para quem curte jogar com uma mecânica diferente vale o replay, mas pra mim que já explorei tudo não vale a pena. Eu não curto repetir o mesmo jogo, gosto de deixar na lembrança sempre a minha primeira experiencia. Acho que no que ele propõe, que é a exploração, ele é bom no que faz. (Nota 4).

    Minha nota se for enxergar a obra como um todo, vai de 4,5 de 5. 

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