sexta-feira, 28 de maio de 2021

Terminei de ler Shoujo Kakumei Utena.



 Já tinha assistido ao anime quando eu tinha 15 anos, acho que depois é bom eu ver o anime de novo só para comparação. Como o anime e o mangá foram feitos na mesma época, tem bastante coisa diferente.
 O anime e mangá contam sobre a mesma personagem: Tenjou Utena, que quando criança, sofrendo pela morte de seus pais, um príncipe apareceu e a consolou beijando-lhe as lagrimas, deu-lhe também um anel com o símbolo de uma rosa, isso antes de partir, dizendo-a que esse anel um dia a levaria até ele. Esse príncipe fez-lhe tamanha impressão que ela ao crescer se tornou uma personagem forte, e tal a um príncipe, levando tudo com empatia no interesse de defender as pessoas que julga indefesa como ela mesma já foi. Indo contra regras que ela julga idiota ao passar por cima dela usando seu uniforme masculino.
 Tal comportamento torna-a atrativo na escola, e no decorrer ela passa a ter admiradores tanto masculinos quanto femininos. Seu anel tinha lhe servido de pista, tinha pois, o mesmo logo em formato de rosa da escola que entrou. 
 Para defender a honra de uma amiga humilhada - na qual foi exposta sua carta de amor -, ela entra num duelo contra Saionji. Esse duelo acontece num lugar secreto, cheio de escadarias, onde só membros do conselho estudantil tem acesso, e acima das escadas no topo, tem um castelo de ponta cabeça. A chave para esse lugar secreto é o seu anel de rosa, que por coincidência todos os membros do conselho estudantil possui. 
 Os vencedores do duelo ganham a noiva da rosa como prêmio e a espada de dios que sai de seu peito, e quanto mais ela ganhar os duelos, mais ela terá a oportunidade de entrar e conhecer o castelo do céu, tendo assim ali o poder de revolucionar o mundo. 
 Agora, cuidado aqui quem teme spoilers:

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 No anime as batalhas são bem mais interessantes, já no mangá é tudo muito rápido e em menor quantidade, isso acredito devido ao fato de muitas figuras que existem no anime não existem no mangá;  tais como a irmã com complexo de édipo de Touga, a loira Nanami, e o mesmo para a irmã de Miki Kaoru. Também não existe os teatros de sombras, que era uma alegoria a uma forma grega de contar histórias. Não existe o triangulo amoroso de Juri; aqui ela rivaliza contra Utena seu lugar no coração de Touga, no decorrer mostrando que ele é apenas um substituto para Ruka; um tão bom esgrimista quanto ela, só que se encontra em estado terminal. Exceto por Touga, essa falta acaba apagando um pouco os membros do conselho estudantil. 
 Touga apesar de continuar mulherengo, está mais devoto a Utena;  por diversas vezes a protege e a aconselha sobre os perigos de se envolver com a noiva da rosa e o irmão dela Akio Ohtori - sendo que Akio significa Lucifer. No anime eles tinham uma relação incestuosa, enquanto no mangá se existe ficou muito sutil. 


 No anime ficamos sabendo que Akio é o príncipe e pronto, e que depois que Utena ganha todos os duelos ela se torna a princesa dele, e por conta disso Anthy seria rebaixa e provavelmente morreria por conta disso. Ela sendo irmã da figura do "príncipe", não mereceria a posição de princesa, pois é uma posição impossível e descabida, a não ser na área do desejo onde fica evidente a consumação através das cenas de erotismo em que são flagrados - em sua infância, era inclusive tida como bruxa. 
 Já no mangá explicam que tanto ele quando Dios eram um só, que eles se dividiram entre a parte do mal e do bem, da luz e da escuridão. Podemos ter uma alusão talvez ao velho e ao novo testamento, devido as várias facetas de Deus, porém a parte maligna de Akio caí, tal um anjo caído, a figura de Lucifer. Anthy era a princesa apaixonada por Dios e a espada que saia de seu peito durante os duelos, foi a mesma que usou para se golpear e selar a existência de Dios no passado, na esperança de que ele não morresse. 
 Fica claro que aqui o príncipe seria tal qual deus; o herói, o exemplo, um modelo de conduta a seguir; alguém à quem se coloca num pedestal, enfim, um símbolo, que foi muito bem explorado pelas técnicas do produtor na animação.
 Ambas as produções acabam da mesma forma: com Utena se auto sacrificando enquanto o castelo do céu desmorona, e Anthy ao dizer que ainda sente a amiga, saí ao mundo a procura da mesma, passa inclusive a imitá-la usando o uniforme masculino.
 Embora o anime fale de revolução, é algo bastante pessoal, não interpreto de uma forma voltada a esquerda, tem sim um reflexo na sociedade, mas não é algo forçado, não interfere no livre arbítrio. Não gosto de revoluções, embora bravejem necessitar de sangue para uma revolução ser o que é, acabam por politica a derramar muito sangue inocente, e não acho que os fins justicam os meios - foi o que interpretei estudando história a fundo, o próprio livro "A Revolução dos Bichos", faz uma critica a revolução russa dizendo que depois dos humanos quem passou a governar a fazenda foi os porcos. 
 Embora digam que esse anime é feminista, não acho justo achar que só porque Utena é uma personagem forte ela deva ser de fato feminista. Se for por ela se vestir como homem, ela em nenhum momento se diz sentir como homem, então não tem porquê afirmar que é por questão de gênero; e se for presumir só pela roupa, isso é contradizer a ideologia de esquerda de que a roupa não deveria definir seu sexo. 
 Compreendo a critica dos casamentos arranjados; a estupidez de uma princesa virar prometida à aquele que vence a batalha. Porém, na vida real, não foi só as princesas que sofreram, o passado não foi perfeito para ninguém, até porque o mundo não foi feito para ser perfeito. Diferente do anime, Anthy, a noiva da rosa aparenta menos fria e suspeita, e consegue-se ter por ela algum apreço. Nas reviews que eu tinha lido antes diziam que todos os integrantes do grupo estudantil tinham sofrido de alguma forma abuso sexual, fiquei folheando e achei nada a respeito.
 Ainda preciso ler o mangá que cobre a história do filme; conheci uma boa teoria em relação ao filme, mas não sei se vale a pena compartilhar. 

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