terça-feira, 2 de abril de 2024

Meu Amado Anjo: Capítulo 01 - Rose.

  

  Sou Marlene, uma órfã que foi abandonada ainda bebê em um orfanato da igreja. Lá eu não era tratada bem, nenhuma criança era... Todos os dias éramos obrigados a confessar pecados que não existiam e pagar por eles; Sem falar que tínhamos uma grande lista de tarefas, e que se não fossem cumpridas grandes castigos esperavam por nós.
 Ainda sinto a dor das cicatrizes de ficar horas a fio ajoelhada em espigas de milho abaixo do sol quente; Aquilo sangrava e, às vezes, inchava muito. Uma vez até desmaiei e assustei algumas irmãs.
 Nem todos do orfanato eram más pessoas: Junto comigo estava a Rose, minha melhor amiga. Sempre brincávamos juntas no recreio, de boneca e amarelinha. Sempre me ajudava quando eu me metia em encrenca. Ela sempre esteve lá para me proteger e me apoiar... 
 Ela era realmente muito linda! Era alta, tinha a pele morena e olhos de um verde profundo. Sempre a avistava com um colar de missangas, ao qual ela dizia ser o seu maior tesouro; a única coisa que a fazia lembrar-se de sua mãe. No dia-a-dia ela tinha também uma estranha mania de morder os lábios para que ficassem mais vermelhos.
 Apesar da peculiariedade, eu a admirava. 
 Como foi impiedoso o destino para você minha amiga... Pena o dia em que você se foi. Estava completando 12 anos, enquanto em minha pequena festa improvisada no meio da noite ouço vozes fora de meu quarto. Era você falando com uma menina, uma menina de nome Laura, falando para ela que a amava.
 E no outro dia, ouvi boatos sobre você e ela terem sido transferidas de orfanato. Enquanto de fato, eu sabia que não era verdade. Estávamos em 1940 na Alemanha, a
quilo era só uma desculpa esfarrapada que faziam para enganar as pessoas. 
 De certa forma eu sabia que não daria certo comigo; Rose nunca sairia do orfanato sem antes se despedir comigo, com sua melhor amiga. Elas provavelmente morreram em campos de concentração.
 Rose minha amiga, quanto tempo sofreu escondendo esse sentimento... Me sinto mal só de pensar que poderia não ter confiado em mim, para contar esse seu segredo. 
 Amar alguém que não devia... Rose, eu agora compreendo que realmente você não teve culpa.

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