terça-feira, 26 de março de 2024

Meus Filmes Mudos Favoritos.

 True Heart Susie.

 Sinopse: Susie é uma jovem simples e meiga, que vive no interior; ela nutre uma paixão secreta por seu vizinho, William. Por esse amor, ela sacrifica muito de seus bens, tudo sem o conhecimento prévio dele, no intuito de fazê-lo crescer na vida. Um dia, graças a seus esforços William faz fama e status, mas ignora àquela que sempre o apoiou.

 Eu sou suspeita de falar de Lilian Gish, ela é minha artista favorita do cinema mudo, acho-a tão linda. A história é bem água com açúcar, mas achei a trama tão delicada! Eu gosto de outros filmes dela, e poderia ter alçado um deles no lugar. "Lírio Partido", me é tanto ou mais legal que "Susie do Coração Puro", só que ele tem um problema sério de ter colocado um americano para fazer papel de asiático; Eu não julgo pois acredito que não é certo ver o passado com nosso olhar atual. 




Luzes da Cidade.


 Entre os filmes mudos de Chaplin - entre os mudos, quem conhece sabe que teve filmes falados -, esse foi o que mais me tocou. Na história ele se deixa apaixonar por uma florista cega, que por algumas confusões, ou coincidências, passa a achar que ele é na realidade não um vagabundo modesto, mas sim um milionário. No decorrer também vemos ele salvar um milionário do suicídio, e o engraçado que esse milionário é um viciado em bebida. Esse milionário só consegue lembrar do amigo e tratá-lo como tal quando está bêbado, caso contrário entra em amnésia. Diferente de Tempos Modernos, ele não tenta fazer alguma critica, nem tenta nos ensinar história como em Golden Rush, ele simplesmente conta uma história que tenta nos aproximar do que é singelo, e puro de coração.
 Fiz um AMV do filme com música de Zazie, J'envoie Valser. Acho que por conta de direito autoral não estou conseguindo compartilhar no blog, mas quem quiser ver pode assistir clicando aqui: Chaplin Tribute. Acho que combinou muito, e você vai perceber se procurar a letra junto a tradução.



Aurora.


  Em Aurora, também conhecido como Sunrise, vemos a angustia de um homem jovem, que já não se encontra mais em sintonia com a família. Embora tenha uma vida boa, simples, com uma bela e boa esposa, com quem já tem um filho, isso estranhamente não o satisfaz? Ele acaba se envolvendo com uma mulher sedutora e de caráter duvidoso da área urbana. Ela já parece controlar sua mente! Tenta convencê-lo a matar a esposa e fugir com ela a amante. A história passa por uma reviravolta muito grande, chegando a se transformar em um romance. Se eu falar de redenção, fica claro o arrependimento, o peso na consciência, e a evolução desse homem que aparentava fora de sí.


Metropolis

O robô dessa cena posteriormente inspirou o design do robô C-3PO de Star Wars.

 Em uma distopia onde os pobres vivem embaixo do solo, trabalhando em máquinas para satisfazer os da elite de cima, o filho do arquiteto se encontra quase em crise existencial. Ele conhece a Maria, uma pessoa influente entre os operários, um símbolo de esperança para aquela classe, do qual ele se apaixona. A história é cheia de grandes cenários, efeitos visuais que até hoje são impressionantes e com uma carga pesada de ocultismo - que acredito ter sido ainda mais explorado no livro de 1926 de Thea Von Harbou. O filme foi um fracasso aparentemente pela trama muito profunda? Pelo que li também não gostaram do teor politico socialista, o que acho questionável e nada a ver, já que independente disso, é uma distopia e obra de ficção. Parece muito distante de uma critica pautada na realidade ainda mais se incluirmos os elementos de ficção cientifica e ocultismo que o filme tem... E mesmo se fosse, pela grandeza da obra vale a pena desligar um pouco o cérebro e assistir, pois ele continua melhor que qualquer filme de 2020 pra cima - hoje em dia o Oscar esta valendo nada. Era considerado parcialmente perdido até 2008, espero que um dia Cleopatra de Theda Bara passe pela mesma sorte de ser encontrado. 

Cena colorizada. Destaque para a postura que o personagem faz simulando a prostituta da babilônia e o que aparenta ser a morte... Junto com o que acho ser ou os sete cavaleiros do apocalipse ou a representação dos sete pecados capitais. 

A Paixão de Joana D'Arc


 Não me considero católica, mas esse filme é muito profundo, ainda mais se você escutar a versão com a ost de Richard Einhorn "Voices of Light" - que você não encontra no youtube, é atual e tem direitos autorais. O filme narra as últimas horas de Joana D'Arc e seu julgamento pelo clero. O que mais chama a atenção nessa obra são duas coisas: A primeira é atuação de Falconetti no papel de Joana; há entrevistas em que ela explana o como foi profundo. Ela não era da área do cinema, e fala como o diretor a traumatizou isolando-a durante a produção, e sendo muito ríspido a fim de sugar seu potencial. Para ser realista Falconetti precisou literalmente sofrer torturas. 
 Ela viveu um bom tempo no Brasil; veio fugida temendo o avanço Nazista, pois o pai de seu filho era de sangue judeu. Não conseguiu crescer muito na sua área aqui, e para sobreviver deu aulas de francês e canto.
 A segunda coisa que chama a atenção é que, diferente de outros filmes mudos, os personagens não usam nada de maquiagem. Isso, além de aumentar o realismo, melhor demonstrava as imperfeições morais dos personagens no papel de inquisidor, dos quais o diretor abusava do closet. 
 O filme foi lançado em 1928, foi considerado fracasso, mas hoje foi alçado a cult. Tinha sido considerado perdido em posteriores edições, até que encontraram por milagre cópia dos negativos num hospital psiquiátrico na Noruega. 


 Outros títulos que poderiam me sugerir seria "O Homem Mosca", e o "O Homem que rí", e embora que goste muito de ambos não os colocaria nos meus cinco favoritos. Poderia cogitar pelo trabalho que foi a cena do relógio no primeiro citado, mas minha admiração por Lilian Gish é maior, principalmente porque foi dela os primeiros filmes mudos que assisti. Seu amor pelo cinema fez-a perder um pouco dos movimentos dos dedos; como os efeitos especiais eram muito rudimentares na época, colocaram-na para gravar com a mão dentro de um rio congelado. 

Cena do relógio em Safety Last de Henry Lloid - estranhamente o titulo foi adaptado para O Homem Mosca. 

Explicação em inglês de como foi feito.

  Como a lista era de favoritos, me dei a licença de me deixar levar pela área sentimental. Pois é claro que um critico de cinema colocaria "Nosferatu" - que ainda não assisti -, ou quase toda a obra de Buster Keaton que também estou devendo de ver. Mas, adianto o trabalho dele vale muito a pena! Buster Keaton foi o Tom Cruise de seu tempo: nunca usou dublê e fazia cenas perigosíssimas; Além de que a titulo de curiosidade algumas coisas ele aprendeu com o tio que não era mais nada, nada menos que o maior mágico do mundo: Houdini. Pra não dizer que nunca assisti nada, assisti a curtas, e a Sherlock Jr, mas não foi algo que me marcou muito.

Melhores cenas de Buster Keaton.

 Outro que a critica não poderia esquecer é Lon Chaney, que devido ao seu conhecimento profundo de maquiagem adquiriu o titulo de "O Homem das Mil Faces". Ele é bem conhecido pela galera que curte filme de terror Oldschool.

É Lon Chaney a esquerda. Esse filme provavelmente nunca poderemos assistir: "London After Midnight", junto com "Cleopatra" de Theda Bara, é o santo Graal das lost medias no que diz respeito a rolos de nitrato. Rolos conhecidos por pegarem fogo, também tem dificuldade para lidar com a umidade.

  Para finalizar, caso tenha um inglês avançado - ou moderado igual o meu. Deixo aqui um vídeo legal que fala de preservação e restauração. Eu tento evitar colocar vídeos além do estritamente necessário, mas esse é um assunto que gera muito material interessante. 

Esse vídeo me faz lembrar que preciso conhecer mais o trabalho de Mary Pickford.

 Vou deixar também um site que acho interessante, é de colecionadores de rolos de nitrato chamado NitrateVille.



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