terça-feira, 5 de março de 2024

Tentando retornar para a escrita, uma saga: Parte 2.

  
Outro desenho que fiz.

 Outra coisa é que me pressiono muito, minha mente tem muito controle sobre mim, eu penso que eu preciso me pressionar menos, e para isso, eu tenho que voltar a me divertir sem medo. Se estou fazendo alguma coisa no momento com medo, vira uma obrigação, e não quero me sentir obrigada a nada. Por isso também precisei espairar. Não me sentir obrigada... Isso não serve só para a analise de jogos, também serve para a escrita criativa!
 Voltar a ler mangá foi uma das técnicas de exercício da escrita criativa. Quando você quer muito escrever, você precisa ler, mas fazia tanto tempo que não lia nada que me gera ansiedade e falta de paciência, vontade de terminar rápido. Para voltar a ter foco eu começo primeiro pelo mangá; dele vou para a um livro infanto-juvenil que tenha ilustrações, e depois para uma obra mais madura como biografias. Nessas etapas vou exercitando minha paciência e reaprendendo a apreciar a caminhada demorada da leitura, aproveitando a experiência na sua essência. Foi nessa de voltar a ler mangá que eu quis tentar traduzir algumas one-shots de Hagio Moto.
 As etapas diferentes que passei na vida, foi o que me afastou da escrita criativa. Primeiro: Teve uma época em que eu colocava tudo de mim, meus traumas e inseguranças, e usava dessas características para moldar um vilão. Junta isso ao fato de ser muito depressiva e ser fã de Kafka, voltar a escrever algo tão absorto em energia negativa me era um problema do qual eu tentei muito tempo fugir.

Foto de Franz Kafka.

 "É bom quando nossa consciência sofre grandes ferimentos, pois isso a torna mais sensível a cada estímulo. Penso que devemos ler apenas livros que nos ferem, que nos afligem. Se o livro que estamos lendo não nos desperta como um soco no crânio, por que perder tempo lendo-o? Para que ele nos torne felizes, como você diz? Oh Deus, nós seríamos felizes do mesmo modo se esses livros não existissem. Livros que nos fazem felizes poderíamos escrever nós mesmos num piscar de olhos. Precisamos de livros que nos atinjam como a mais dolorosa desventura, que nos assolem profundamente – como a morte de alguém que amávamos mais do que a nós mesmos –, que nos façam sentir que fomos banidos para o ermo, para longe de qualquer presença humana – como um suicídio. Um livro deve ser um machado para o mar congelado que há dentro de nós". Franz Kafka.

  Outros desafios é me acostumar a outro aplicativo de escrita que não o que eu costumava usar. Minha mente é muito inflexível, talvez um traço do meu autismo, e até me acostumar ao novo é muito complicado. Outras técnicas que eu utilizava, era o de ficar absorta a situações que gerem inspiração... Situações variadas: Ler poesia, ouvir musica instrumental, deitar e ficar imaginando cenas e frases, fingir a atuação mesmo que amadora dos personagens. 

As vezes eu conseguia fazer contos curtos de acordo com a música que eu escutava, eu criei uma vez uma usando essa. 

 Numa etapa da vida eu não conseguia escrever porque havia muito barulho externo, e afetava essa sensação de absorta: Não posso me sentir nessa realidade se estou na realidade do que estou escrevendo. Quiçá melhor nem me encostar pra não me despertar para a realidade. 
 Agora eu já tenho menos fobia de revisitar esse meu eu do passado que escrevia escrita criativa e já vivo num lugar menos barulhento, mas agora vivo com uma rotina de quem já é maduro; minha maior dificuldade é então, conseguir organizar minha rotina, para só assim então me sentir a vontade de escrever nos momentos de ócio. Que eu não tenha preocupação com outra tarefa doméstica, para então não ficar pensando no que devo fazer, e sim aproveitar o momento de absorta para melhor descrever o que quero passar.

Trecho do livro que eu escrevia que já tem mais de 400 páginas. E pra voltar a escrever precisarei reler tudo do zero.

 Outra situação digna de nota, e até peculiar, é que eu comecei tal qual Anne Rice a colocar nos textos que escrevo as coisas da qual estou fazendo no cotidiano. O fato de estar tentando voltar agora, traz consigo junto uma bagagem de experiências que antes eu não tinha; exemplo do ballet que estou fazendo agora. Finalizo aqui com minhas cena favorita de Lago dos Cisnes. 


           E para quem quiser ver completo a apresentação numa melhor qualidade: Youtube







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