Quando estava sem a tela de computador, foi esse tipo de jogo em que fiquei gastando o tempo. É um tipo nichado, quase que underground, e pelas mecânicas serem muitas vezes experimentais acaba afastando o publico, principalmente iniciantes do gênero RPG. Seu criador é Akitoshi Kawazu, um dos poucos da velha guarda que continua na ativa dentro da Square Enix; Ele também é conhecido por ser um colaborador da série Mana, mas principalmente com seu envolvimento com Final Fantasy 2: Que foi dependendo da perspectiva um fracasso no quesito atmosfera, e não prendeu as pessoas em relação ao sistema. As pessoas costumam brincar que Final Fantasy 2 foi um protótipo do que veio aparecer consecutivamente em sua carreira com SaGa, nomeando-o de vez em quando como SaGa 0.
O diferencial de Final Fantasy 2 para com seu anterior é que o personagem evoluía de acordo com o atributo que mais usava: Quanto mais usava magia mais aumentava MP, quanto mais apanhava mais isso estimulava o ganho de HP, embora compreensível não era muito pratico. As pessoas costumavam negligenciar algum estatu, e só se dar conta da falta dele perto do final. Outra que costumavam perder a paciência e tentavam burlar o sistema fazendo um personagem da equipe bater no outro, no intuito de assim progredir mais rápido. Apesar da história um pouco mais complexa, e um sistema de guardar palavras que aparentava bastante inventivo, o sistema era muito impeditivo, ou simplesmente não caiu mesmo no gosto.
Em Romancing SaGa que é um dos meus favoritos da série, é de certa forma é pior! Mas por algum motivo funciona! Veja bem: O personagem pode ganhar pontos de HP ou MP, ou pontos de skill aleatoriamente durante a batalha. Há também o sistema de glimmer, que é quando aparece uma lâmpada na cabeça do personagem, sinalizando que ele aprendeu de forma aleatória uma nova técnica de combate. O glimmer geralmente conta com boas animações, e a descoberta de uma é sempre um evento divertido,
Essa aleatoriedade pode afastar aqueles que sentem não ter controle sobre o sistema, mas o sistema compensa no que tange liberdade. Lendo um pouco a história de Kawazu, vi que ele era fã de Ultima, e um dos aspectos desse CRPG era que independente do caminho que você optasse ir, você conseguiria chegar a um final.
Imagem de Romancing SaGa 3
Você pode escolher entre 8 personagens distintos, cada um com um mini-background, uma versão rudimentar do que poderíamos ver futuramente com Dragon Age Origins. A opção de escolhermos entre tantos personagens é reutilizada em outros games da Square, tais como: Live A Live e Octopath Travelers. A trama em si quase nunca é o verdadeiro foco, e sim a jornada, o caminho que traçamos até a luta final.
Devo retornar um pouco no passado, e falar como conheci essa série: Há 10 anos atrás eu tinha visto imagens do remake de Romancing SaGa 1 para o ps2, e virei a cara. Isso porque os gráficos chibi pareciam mal feitos; a impressão que dava não era de algo fofo, e sim que todos os personagens eram desproporcionais fisicamente.
Anos mais tarde eu dei-me de cara com a ost do jogo, e me apaixonei de forma que afirmo sem duvidas que é uma trilha sonora que não me enjoa, e metade das minhas buscas no youtube são ou das trilhas ou de covers que sempre adicionam novidade aos arranjos. Sério, é bem divertido inclusive ver react de músicos a trilha desse jogo, quem tem curiosidade procure pelos álbuns de Kenji Ito seu compositor.
A partir daqui me sinto obrigada em explicar a ordem cronológica da série:
SaGa 1 - Gameboy (Localizado como Final Fantasy Legend 1)
SaGa 2 - Gameboy (Localizado como Final Fantasy Legend 2)
SaGa 3 - Gameboy (Localizado como Final Fantasy Legend 3)
Romancing SaGa 1 - SNES
Romancing SaGa 2 - SNES
Romancing SaGa 3 - SNES
SaGa Frontier 1 - PS1.
SaGa Frontier 2 - PS1.
Unlimited SaGa - PS2.
SaGa Scarlet Grace - PSVITA, PC, PS5...
SaGa Emerald Beyond - PC, PS5...
Adendo de Remakes:
SaGa 1 - Wonderswan Color.
SaGa 2 - DS.
SaGa 3 - DS.
Romancing SaGa 1 Ministrel Song - PS2, recebeu remaster.
Romancing SaGa 2 - Remake 2D, e terá um remake 3D em breve!
Romancing SaGa 3 - Remake 2D.
Embora todos tenham SaGa no nome, nenhum está co-relacionado em termos de história, então pode-se começar pelo titulo que mais lhe cativar ou chamar-lhe a atenção. Nesse sentido seguimos o padrão de Final Fantasy, mas tem um adendo: As mecanicas podem mudar dependendo do titulo. De todos esses títulos, até o momento terminei esses:
SaGa 1 - Wonderswan Color.
SaGa 2 - Gameboy
SaGa 3 - DS
Romancing SaGa 1 - Ministrel Song.
Romancing SaGa 3 - SNES
SaGa Frontier 1.
E estou jogando agora Romancing SaGa 2 - o remake 2D.
Enfim, o que mais me prende nessa série é a música, e não é algo muito louco de se raciocinar sobre, pois fiz o mesmo com os antigos Ys de PC Engine - que aliás tinha um sistema bem simples e convidativo para os fãs de rpg. Acontece que estou na saga de terminar todos os SaGa, virou quase como um objetivo de vida. Todos os que terminei viraram favoritos, exceto por SaGa 1 e 2 que por na minha opinião serem simples demais no quesito história ficariam no Rank A e não S.
Vou me segurar a partir daqui e falar apenas do ultimo que terminei e daquele que estou jogando.
SaGa Frontier tem a reputação injusta - se analisarmos algumas bolhas - de ser um jogo ruim, o que pra mim é algo cômico, pois muito do que ele entrega é superior em relação a outros jogos da mesma época.
Assim como Romancing SaGa 3, seu antecessor cronológico, temos 8 personagens a escolher, mas diferente de Romancing SaGa que apenas tínhamos acesso a raça humano, aqui retorna as raças antigas que apareciam em SaGa do Gameboy: O Robô, o Monstro e o Místico, e esses 2 últimos mencionados foi altamente melhorado.
Para quem não jogou, os humanos sobem de nível da maneira convencional vista em Romancing SaGa. Já os místicos aqui sobem de nível assim como os humanos, mas não aprendem novas habilidades: Eles são como vampiros, uma mistura de humanos e monstros. Por meio de armas mágica, eles podem sugar e aprisionar habilidades de outros monstros. Robôs só evoluem de acordo com os equipamentos que você colocar nele, e os monstros melhoram comendo a carne de outros monstros.
Então da-se a impressão de que a jogabilidade vai mudar muito dependendo do personagem que escolhermos. Some isso ao fato de que pelo que vi - vi de forma sutil - cada personagem tem seus próprios chefes para derrotar, finais diferentes, sua própria música e, aparentemente, nem todos conseguem recrutar os mesmos personagens para a equipe. Levando isso em consideração temos uma ótima sobrevida para o jogo e um grande fator replay, sinto isso de forma até maior que em Romancing SaGa 3. Cada campanha aparenta ser curta, a campanha de Asellus me levou 18 horas, mas parece valer a pena jogar com todos os personagens.
Se me perguntar da história, entendi que Asellus é um hibrido, e por esse motivo o vilão que é uma espécie de vampiro, não consegue controla-la, e passa a persegui-la mandando seus minions até ela. Mas cada personagem como citado vai ter sua própria história! Indico bastante a do Red, que faz referencia com séries de super Sentai e Power Rangers da vida.
De ruim senti o mundo um pouco vazio: Há vários planetas para qual eu podia viajar, mas poucos lugares no mapa que pareciam ter algo a interagir. Também havia muitos NPCS, mas não pareciam dizer nada de relevante, eu acho que teria sido muito legal se eles revelassem mais sobre o mundo em que vivem, porque seria interessante. Nesse tópico Romancing SaGa pareceu melhor, até porque os NPCS eram obrigados a falar algo de útil para abrir lugares novos a serem explorados no mapa.
A arte da série, feita por Tomomi Kobayashi também são bem elegantes, e passam esse ar de misticismo característico. Romancing SaGa 2 é o titulo que estou jogando agora, e o motivo de eu não ter jogado ele antes do 3 aconteceu principalmente por eu ter tido muita dificuldade de entender o funcionamento do sistema. Romancing SaGa 2 é um dos mais diferentões da franquia: Aqui não controlamos uma equipe permanentemente, mas sim várias! A morte do seu personagem não é o fim, seus herdeiros seja eles primogênitos diretos ou indiretos de consideração, acabam por herdar as habilidades e conhecimentos de seu antepassado.
Diferente de outros jogos da franquia em que os personagens tem uma quantia de life points, pontos de vida, que levam a morte permanente se chegar a zero, mas que ao menos podem ser recarregados caso a gente descanse em uma taverna, aqui em Romancing SaGa 2 caso life point diminua você vai ter que lidar com uma consequência permanente. Posteriormente você até encontra itens que podem curar esses life points, mas são extremamente raros e muito caros.
O jogo se passa num império, e o tempo ultrapassa muitas eras. Você começa o jogo controlando um imperador, mas no final você vai estar controlando outro totalmente diferente. Precisamos nesse tempo que nos é dado criar alianças, derrotar monstros, fazer quests, e principalmente derrotar os 7 heróis do passado - que por algum motivo que não é muito bem explicado se voltaram contra o bem.
A tarefa que nos é imposta, a de desapegar de um personagem que dedicamos tempo, e principalmente grinding é algo muito árduo, sofrível, era algo que me deixava muito frustrada, me ajustar a isso foi um desafio. As coisas começaram a se encaixar melhor quando percebi que em muitos aspectos os herdeiros dos personagens reapareciam para ser recrutados, e ainda mais fortes que nunca.
Também é interessante o que você ganha morrendo: Ao escolher seu sucessor direto, caso ele seja de uma classe especializada em arco e flecha, e essa seja uma arma em que você tinha poucos pontos de aprendizado, você passa a ter um aumento muito significativo nesse estato. Além de que ganha novas formações de posicionamento de combate, que são obrigatórios principalmente contra chefes, esse jogo tem sim elemento de tática embutido. Se você precisa ver o tempo passar em alguma região você pode fazer seu imperador morrer para acelerar a visualização da região.
O Ministrel é um tipo de mascote de Romancing SaGa. No primeiro e no terceiro jogo ele é um personagem jogável, mas em Romancing SaGa 2 ele está apenas contando o enredo na abertura.
Tem coisas legais como vemos inicialmente com a morte do primeiro imperador: O mundo e os personagens mudam de comportamento em relação a você. Começam a olhar pra você e falar: "Viva o novo rei!" Para sua época deve ter sido bem impressionante.
Há também a forma como o sexo do seu personagem impacta algumas situações: Eu não podia entrar como homem na vila das Amazonas, mas quando virei Imperatriz com a boneca Coppelia elas me permitiram. Todavia, descobri que só um homem teria a amizade com a sereia. Por algum motivo adiante esqueci do conselho da rainha das Amazonas; Ela me disse que uma dos Sete Heróis, Rocbouquet, conseguia seduzir os homens, e só as mulheres estavam imunes a sua magia de charme. Fui até Rocbouquet com mais da metade da equipe integrada por homens, e para evitar suas investidas usei a mágia de água denominada Mist Cover - que nada mais é um nome bonito para invisibilidade -, e escondi-os de seu olhar lascivo. E funcionou! A tática funcionou!
Nem tudo são flores, a maior falha do titulo é que quando morremos, além de recrutar todos do zero, precisamos equipá-los todos do zero, adicionar novas skills e magias todas do zero. A magia em si é outra coisa muito complicada: Não basta o nível de magia do seu personagem, o jogo possui um contador escondido, e o que dita o aparecimento de magias mais elevadas depende desse contador. Mas resumidamente: Tente usar muito a magia de cada elemento. Minha magia favorita é Sword Barrier, o personagem fica totalmente imune a ataques de espada, e faz uma animação bem legal de desvio. O remake 3D que está por vir muito provavelmente vai corrigir isso, e será uma boa porta de entrada para novos jogadores.
Eu gostaria de ver também um remake do 3 - embora eu não tenha dado detalhes dele, ele continua sendo muito bom e tem um espaço quentinho no meu coração. Ou até mesmo um Romancing SaGa 4 ou SaGa Frontier 3, só esperava que essas mudanças muito abruptas de sistema fossem colocadas em novos capítulos, e não em títulos já consolidados. A experimentação de Kawazu é algo muito legal, genial se formos dar o devido valor, mas eu acho que tanto Romancing SaGa 2 quanto SaGa Frontier 2 mereciam outro nome por serem tão diferentes. Imperial SaGa seria um bom nome se ele já não tivesse sido usado como spin off de browser, celular.
Enfim, a série SaGa me influencia muito em relação a arte, estou quase sempre ouvindo músicas deles quando estou desenhando. É uma das minhas maiores inspirações. De exemplo, duas das músicas citadas no video são de SaGa.
O texto se estendeu bastante, e por vezes até me senti andando em círculos, me perdendo na ordem das coisas. Mas acho que passei bem a ideia do que é SaGa, e talvez isso possa quiçá te influenciar e experimentar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário