sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Cutie Honey é estiloso mas ao mesmo tempo... Tediante?


 Go Nagai é um autor japonês de mangá muito conhecido por suas obras que quebram tabus; Padrões de comportamento que na nossa sociedade são por muitas vezes considerados inaceitáveis, por ele é exposto e usado de troça. Junta isso ao seu traço característico e encontramos títulos com muita personalidade.
 De fato, não é muito difícil reconhecer quando um mangá foi feito nos anos 70, mas também é muito menos difícil reconhecer quando a obra é de Go Nagai. Ele foi o precursor do erotismo como elemento de fanservice - que atualmente chamamos pelo termo de ecchi. Piadas escrachadas que beiram o ridículo, e muito satanismo. Ele é muito conhecido por "Devilman", Tezuka aparte, sua inspiração também foi Doré: pintor amplamente conhecido por seu trabalho de ilustração em "A Divina Comédia" de Alighiere. Consequentemente, Go Nagai adaptaria essa obra para mangá em 1994. Adendo para suas experiências pessoais, na qual ele se achava perto da morte, e em auto-reflexão, decidiu transmitir sua profundidade em mangá. 

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 Ressaltando, ele não é de todo um teor tenebroso, seu ar cômico foi o que possibilitou a desenvolver a área de tokusatsu com "Mazinger Z": Primeiro titulo a ter um robô gigante pilotavel por dentro, antes disso eram todos autossuficientes ou controlados por fora. Temos também outros títulos pouco conhecidos como "Shameless School", e "Dororon Enma-Kun".


 A Abertura de Cutie Honey é um caso de amor a primeira vista: Embora a letra pelo que entendi seja de um duplo sentido de mal gosto, ela é melódica e gruda na sua cabeça. A série como um todo passa a vibe da época em que ela foi feita: suas cores, e roupas da moda, da mini-saía a calça boca de sino. Ela é tão boa que foi reutilizada em outras adaptações, e tocada até hoje por fãs que fazem arranjos e covers.
 Minha empolgação não durou muito tempo, achei-o enfadonho, no segundo episódio eu já torcia pra acabar logo, achei tal experiência torturante. Então decidi ler o mangá, pois sabia que ia terminar ele mais rápido. 
 Honey chama a atenção, embora tem quem ache Go Nagai de mal gosto, pelas piadas que são tidas como machistas, eu não vejo dessa forma. Muitos podem argumentar que o mangá e(ou) o anime, passa o tempo todo objetificando a personagem principal, mas esquecem que nessa época estava muito em voga o arquétipo de Femme Fatal. Desculpe por buscar uma palavra muito usada e difundida pelo dicionário woke, mas ela é empoderada: Não só por lutar, mas por dar visibilidade a mulher sensual. Sensualidade não deveria ser sinônimo de objetificação, porque quando você o faz, está anulando a existência de mulheres reais e que podem ou não se identificar com esse arquétipo. 
 A existência de Honey quebra com o comum da época: De mocinhas indefesa bonita, porém franzina. Honey é o contrário; é encorpada, seu objetivo não é salvar o mundo com o poder do amor, mas sim vingar a morte de seu pai...
Tive que pausar, ainda não assisti, mas me pergunto agora se ela foi uma influencia para Kill Bill: Ambas querem vingança, ambas usam uma espada, ambas são sensuais e passam por situações que beiram o absurdo. Sem conclusões, eu ainda não assisti ao filme. 
 Retornando: Honey não é objeto de desejo só dos homens da história, até as mulheres, e até as vilãs a cobiçam, tal qual o lobo cobiça a chapeuzinho vermelho na animação "Wolf" de Tex Avery. 


 Quem é da geração Looney Toones e O Maskara não se deixa ofender por tais piadas, que nada mais são do que representação de uma caricatura: Animação começou com caricatura, fazendo piada elaboradas com o absurdo, coisas que são quase impossíveis de se adaptar num filme com atores reais. 
 Enfim, Cutie Honey não estava me agradando: Ela segue o ritmo de sempre derrotar um inimigo e ir pro próximo capitulo. Mas eu senti falta de profundidade, não entendia o objetivo das inimigas, não entendia por que o mundo dali funcionava daquele jeito. Ao menos em algo ele era idêntico ao mundo real: A quantidade de gente feia! Nossa, como o Nagai consegue desenhar gente feia por metro quadrado! Me senti no carnaval! (risos).

Nunca vi povo tão feio, nisso os mangás antigos tão representando mais 
o mundo real que os mangás atuais.

 Eu esperava profundidade das vilãs por causa de seu design interessante: Mafiosas e meio-felinas e com corpos estranhos; Uma tem machado ao invés de braços, outra uma bunda de inseto, outra com o corpo colado em um dinossauro. Suas roupas eram estilosas, e a lider coberta de ouro, uma das chefes luta usando um chicote... Mas no fim, o interesse delas é só roubar mesmo, essa é a diversão.  Se você quer profundidade, não assista Cutie Honey, vá procurar outra obra do autor, pois definitivamente o titulo não se leva a sério.

Imagem das vilãs... Olhando assim, até lembra os bicho 
estranho do He-Man. Podia ter um crossover.

 A única parte que posso dizer que me diverti, foi com o capitulo final: O estado sabia onde essa máfia de meio-felinas ia atacar, e simplesmente deixaram elas agir porque ficaram com medo.
 Eu percebo que o autor não desmerece o papel da policia na sociedade colocando os bandidos em destaque, ele não inverte a lógica, só é obvio quê humanos comuns não são capazes de lutar contra aberrações sobre-humanas. No desenho a policia aparece toda fofinha em formato chibi, toda trapalhona, porque simplesmente, eles não tinham mesmo o que fazer ali.
 Agora é um pouco spoiler, não leia caso odeie spoiler - caso isso venha afetar a sua experiência com a série: O mangá dos anos 70 termina de modo inconclusivo. Honey acaba derrotando Sister Jill, irmã mais nova da lider Panthera Zora, e descobrimos que todas essas mulheres mafiosas eram na realidade de fato felinos; foram transformadas em mulher por magia, e decerto seus poderes também advinham dessa magia. Não vemos uma erradicação da máfia, e por enquanto não sei dizer se as posteriores adaptações de Honey terminam o desfecho.
 O titulo tem sim muita importância, caso contrario não haveria reimaginações e(ou) releituras; releituras essas que não me agrada por não ser do mesmo autor, pois não tem o mesmo feeling de uma obra feita por ele. Agora se eu tiver tempo vou ler Mao Dante ou Dante Shinkyoku.





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